Alimentado pela possibilidade de ocorrer uma tentativa do Executivo de alterar o plano de carreira da rede estadual, aumenta o tensionamento das relações entre o magistério e o governo do Estado. Declarações do governador Tarso Genro, na Coreia do Sul, sobre a possibilidade de pagamento de bônus por qualificação aos professores e a solicitação de informações sobre o novo plano de carreira do magistério do município de Canoas, administrado pelo petista Jairo Jorge, pioraram uma relação já debilitada por divergências em relação ao pacote de sustentabilidade financeira. 
 
O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, saiu a campo para afirmar que o governo se comprometeu a não mudar o plano e minimizar a possibilidade de crescimento dos conflitos. "Não se pretende adotar o modelo de Canoas. O caso da cidade serve como exemplo de negociação bem-sucedida. Mas o contexto é bem diferente", assegura Pestana. 
 
Os professores lembram que, nas tratativas sobre o reajuste, a alteração no plano de carreira é sugerida na mesa de negociação. A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, avalia, contudo, que o governador está tentando tirar o foco do pacote, mas ressalva que as categorias estão preparadas para combater tentativas de mudanças no plano e projetos que incluam a meritocracia. "O governo se comprometeu a não mexer. Se mexer, estará descumprindo sua palavra. Não há mecanismo legal que impeça, mas temos ânimo e disposição política." 
 
O governo não esconde considerar que o plano de carreira atual engessa reajustes devido ao efeito cascata que está atrelado a qualquer aumento sobre o vencimento básico. "Quando falam em mexer, a preocupação é alterar o básico. Porque o próprio sindicato mantém a ideia do plano menos pelo piso e mais porque o plano proporciona a indexação do conjunto da carreira", diz Pestana. 
 
 
 
Luta salarial opõe aliados históricos 
O embate entre aliados históricos, que surpreendeu até a oposição, fez com que o magistério, a mais numerosa categoria do funcionalismo público estadual, com 59.929 servidores, estivesse entre os articuladores do maior ato de protesto realizado contra o governo petista, na última quinta-feira, e agora fale em paralisação, mesmo após ter negociado o reajuste salarial de 2011. Para marcar posição contrária ao pacote de sustentabilidade financeira enviado pelo governo à Assembleia, o Conselho geral do Cpers definiu, na sexta-feira, que fará um dia de paralisação em 14 de junho, com caminhadas e atos públicos nas regiões abrangidas pelos 42 núcleos do sindicato.  
 
O Cpers vai exigir a retirada do pacote da Assembleia. O sindicato marcou uma assembleia geral em 22 de junho para discutir paralisação nas datas previstas para os projetos irem a votação.  
 
O magistério se posiciona contra o pacote como um todo, mas a discórdia se concentra sobre o projeto de lei complementar 189/2011, que trata das mudanças na Previdência estadual, e o projeto de lei 191/2011, que estabelece mudanças nos prazos de pagamento das requisições de pequeno valor (as RPVs). Ambos encaminhados em regime de urgência ao Legislativo  |  
  
Cpers cobra promessa de campanha 
O mais recente ponto de atrito entre o governo e o magistério, a possibilidade da aplicação da meritocracia na sala de aula, não é novidade. No final da campanha eleitoral de 2010, o Cpers realizou um debate entre os candidatos no Centro de Eventos do Plaza São Rafael, na Capital. Na ocasião, a meritocracia foi um dos pontos altos do debate.  
 
Tarso atacou a implantação da meritocracia entre os servidores do magistério e disse haver diferença entre meritocracia e avaliação de mérito com metas estabelecidas pelo Estado. O então candidato ao governo pelo PSol, Pedro Ruas, rebateu, dizendo que meritocracia e avaliação de mérito eram exatamente a mesma coisa e que não se tratava de uma questão semântica, mas sim política e ideológica. Tarso reafirmou suas posições. 
 
Após o debate, os candidatos receberam uma carta-compromisso do Cpers. Quatro, entre eles, Tarso, responderam. "Manteremos os atuais planos de carreira de professores e funcionários", escreveu Tarso. "Também reafirmamos nossa posição contrária à meritocracia (...) Não estabeleceremos a política de diferenciar salário dos trabalhadores em educação a partir de verificação de resultados nem vamos promover a competição entre professores e entre escolas."   |  
  
Protesto expõe atritos 
Entre os motivos que farão os professores protestarem, no dia 14, contra o pacote de sustentabilidade financeira do governo, estão as mudanças previstas no pagamento das requisições de pequeno valor (RPVs). Para o Cpers, elas prejudicam quem já abriu mão de receber os valores a que tinha direito para tentar ter acesso a uma parte deles. O governo diz que tenta garantir os pagamentos e argumenta que não adianta manter a regra atual sem ter previsão orçamentária. 
 
Os pontos de divergência 
 
- Piso Nacional do Magistério 
 
O que defende o Cpers: 
 
Depois de incluir a reivindicação nas negociações do reajuste salarial, o magistério pedirá ao Executivo que informe como pretende chegar ao valor do piso dentro dos quatro anos de governo. 
 
O que diz o governo: 
 
Que vai conceder um reajuste de 63% até o fim do governo e que, de início, o magistério já obteve um reajuste de quase 11%. Admite que, na atual conjuntura, não tem como implantar o piso como o básico do plano de carreira. 
 
- Sustentabilidade Financeira 
 
O que defende o Cpers: 
 
Exige a retirada do pacote da Assembleia. Para a categoria, não há garantia de que, no futuro, a mudança nas alíquotas da previdência para parte dos servidores não abra precedente para novos aumentos. O Cpers assegura que, quando for pago o piso nacional, parte do magistério será atingido pela mudança. Argumenta que adotar dois regimes próprios de previdência é inconstitucional e que não há garantias sobre o futuro do fundo de capitalização previsto. 
 
O que diz o governo: 
 
Segundo a Casa Civil, para chegar ao piso nacional em quatro anos, a categoria terá 63% de reajuste. Com isso, os que vierem a se enquadrar nos valores salariais previstos no projeto da Previdência terão aumento médio do desconto da contribuição de 1%. 
 
Gratificação por permanência: 
 
O que propõe o governo: 
 
Planeja o aumento na gratificação de permanência em serviço, dos atuais 35% para 50%, aos servidores que já tenham condições para solicitar aposentadoria. Para o magistério, também há um projeto em tramitação para que, à gratificação especial, seja adicionado 80% do vencimento básico do Professor Classe A, Nível 1. 
 
O que diz o Cpers: 
 
Considera a proposta um subterfúgio para evitar a realização de concursos. 
 
- Mudanças no Plano de Carreira 
 
O que estuda o governo: 
 
A aplicação de mecanismos como a bonificação por qualificação e sistemas de avaliação que envolvam os demais agentes da comunidade escolar. O governo, contudo, segue informando que não pretende mexer no plano. 
 
O que diz o Cpers: 
 
Que mudanças no plano, bem como a meritocracia, serão refutadas. E que não há nenhuma diferença entre meritocracia e avaliação por mérito.  |  
  
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/ 
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NOTA DO EDITOR: As alegações do magistério são todas coerentes, mas lamentavelmente o que mais falta para esse governo é coerência, pois sempre foi contrário ao que agora está defendendo. Quem tem memória não esquece. Culpar os sevidores públicos pelo déficit previdenciário beira a extrema irresponsabilidade, além de ser uma grande traição ao grande número de eleitores que o PT teve na última eleição. 
Unidos vamos detonar esse PacoTarso arrecadador!!! | 
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