sexta-feira, 22 de julho de 2011

Continua a novela em Cachoeira do Sul...

Major Francisco rebate o delegado Mota


Comandante da Brigada em Cachoeira entende que delegado usou inquérito para se promover
O comandante da Brigada Militar de Cachoeira do Sul, major Francisco de Paula Vargas Júnior, quebrou o silêncio nesta quarta-feira para se manifestar sobre a decisão do delegado José Antônio Taschetto Mota de lhe indiciar junto com seis policiais militares no inquérito que investigou a morte do deficiente mental José Elias de Assunção, o Zeca, assassinado com três tiros pelo soldado Maurício Bairros na noite de 23 de outubro do ano passado, no Bairro Promorar. De acordo com o major Francisco, Mota usou o inquérito para se promover. "Acho que existe uma necessidade por parte dele em conseguir publicidade pessoal", dispara o major Francisco.
Para Francisco, a responsabilidade de apurar crimes praticados pelos policiais militares em trabalho é da Brigada Militar. Para isso, um inquérito foi aberto pela Brigada, que depois foi remetido para a Justiça Militar. Francisco afirma que o conjunto de provas e pessoas envolvidas foram colocadas à disposição da Polícia.
"Em momento algum foram sonegadas informações, ou tampouco fraudadas provas", garante Francisco. Sobre o delegado Mota ter recorrido à Justiça para que a Brigada entregasse as armas usadas na ocorrência que resultou na morte de Zeca, ele afirma que isso não era necessário. "Nós mandaríamos as armas dos policiais ao IGP. Foi isso que ele fez. Mas para a perícia pouco importa quem enviou as armas", frisa Francisco.
DESGASTE
O major Fransico enfatiza o indiciamento dos brigadianos provocou um "enorme desgaste pessoal dos envolvidos e em especial da corporação, o que gera preocupação entre os policiais". Ele observa que está desenvolvendo um trabalho visando motivar os seus comandados.
"Isso gerou um descontentamento geral dentro do quartel. Mas precisamos seguir em frente trabalhando para manter a ordem nas ruas de nossa cidade, garantindo a tranquilidade pública e o fiel cumprimento das leis", destaca Francisco.
Questionado sobre a briga entre a Polícia Civil e a Brigada, ele entende que isso apenas beneficia os bandidos. "Enquanto estamos nos preocupando com isso, o marginal está nas ruas", acrescenta Francisco.
PARA ENTENDER MELHOR
A diferença dos inquéritos
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
O inquérito policial militar responsabilizou o soldado Maurício Bairros pela morte do deficiente mental José Elias de Assunção, o Zeca. A conclusão é que ele atirou contra a vítima em legítima defesa. A pena para o crime, caso ele seja condenado, é de seis a 20 anos. O processo tramita na Justiça Militar.
INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito conduzido pela Polícia Civil indiciou o soldado Maurício Bairros pode homicídio qualificado. Para o delegado José Antônio Taschetto Mota, ele não chance de defesa para Zeca. A pena prevista para o homicídio qualificado varia de 12 a 30 anos. O processo tramita na 1ª Vara Criminal do Fórum.
JULGAMENTO
O major Francisco de Paula Vargas Júnior esclarece que, se a Justiça Militar entender que o soldado Maurício tinha intenção de matar Zeca, o caso deve ser remetido para a Justiça Comum, com o policial podendo ser levado ao banco dos réus para encarar o júri popular. Se a Justiça Comum entender que não havia a intenção de matar e que ocorreu um homicídio culposo, o julgamento será feito pela Justiça Militar.
Importante
O major Francisco de Paula Vargas Júnior considera equivocado seu indiciamento pelo delegado José Antônio Taschetto Mota por usurpação. "A função pública de apuração de crimes de natureza militar é da autoridade militar. Apesar do juiz entender que deveríamos remeter o material apreendido à Polícia Civil, foi nos orientado a instruir o inquérito policial militar", observa Francisco.
Sobre o indiciamento por fraude processual, ele considerou "totalmente descabido, uma vez que todas as provas, armas e objetos envolvidos foram encaminhados para a Polícia Civil".
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NOTA DO EDITOR: Com certeza esta disputa se deve a lamentável dicotomia da atividade policial brasileira, única no mundo, onde os serviços policiais se desenvolvem de forma complementar entre duas instituições diferentes em estrutura e formação. Somente uma mudança para o ciclo policial único resolverá de vez esta questão e possibilitará a avaliação da capacidade das instituições em prestar seu serviço voltadas para o interesse público. O  desgaste resultante  de disputas de interesses personalíssimos só desvalorizam os órgãos de segurança pública, favorecem o descrédito da sociedade e o crescimento da bandidagem. 

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