Segundo-sargento da reserva, João Carlos dos Santos, 47 anos, morador de Alvorada, é o primeiro brigadiano a admitir participação na queima de pneus. Na noite de sexta-feira, Santos – filiado ao PT e conhecido por Lilica – revelou que os protestos contam com a participação de integrantes de partidos simpáticos ao governo como PT, PC do B e PSB e gozam de apoio de parte do oficialato:
Zero Hora – A Brigada Militar identificou o senhor como um dos participantes da queima de pneus em Alvorada. Por que o senhor participa dos protestos?
João Carlos dos Santos – É uma reivindicação justa dos policiais que estão na ativa. Por que não posso participar se sou um policial militar?
ZH – O senhor está participando com a Abamf?
Santos – Não. Eu participei com os policiais militares, e vou continuar.
ZH – Além do senhor, que é do PT, tem alguém ligado ao partido?
Santos – Eu não fiz essa manifestação enquanto partido político. Estou fazendo enquanto servidor público da segurança.
ZH – A única informação oficial que se tinha eram os protestos organizados pela Abamf. Se não é a Abamf, quem está organizando essas queimas de pneus?
Santos – A Abamf perdeu o controle do movimento. Os policiais perceberam que essa é a única forma de protestar. Os policiais estão tão revoltados que têm muitos oficiais de comando apoiando. Não tem nada a ver com a Abamf. São os próprios policiais militares, descontentes, que estão fazendo isso.
ZH – O grupo que queimou pneus em Alvorada realizou protestos em outros municípios?
Santos – Sim, a gente protestou em outras cidades como Viamão, Gravataí e Cachoeirinha.
ZH – A gente quem?
Santos – Policiais militares.
ZH – Mas policiais militares organizados por quem?
Santos – A gente entra em contato com o pessoal de Viamão, de Canoas, de Cachoeirinha. Fizemos uma rede à espera de uma solução do governo.
ZH – Solução para o quê se vocês não estão negociando?
Santos – Quem está negociando é a Abamf.
ZH – Não é estranho a Abamf anunciar que parou com os protestos e vocês continuarem?
Santos – A Abamf diz que parou, mas cadê a solução? O governo do Estado quer negociar, mas negociar o quê?
ZH – Além do senhor, que é ligado ao PT, há outros integrantes de partidos políticos?
Santos – Tem pessoal do PMDB, em Alvorada, do PSDB, do PCdoB, do PSB, PDT.
ZH – Este grupo tem um nome?
Santos – Não. É um grupo que quer melhoria salarial.
ZH – Tem PM da ativa nos protestos?
Santos – A maioria, 95%, é da ativa. O pessoal percebeu que a única forma de fazer alguma coisa é protestar. A Abamf começou, mas perdeu o controle.
ZH – E oficiais da ativa?
Santos – Tem sim. A maioria dos oficiais das unidades é favorável. Para tu teres ideia: com toda esta correria em Alvorada (com queima de pneus), o pessoal ligou para o 190 da BM. Por que a viatura demorou a chegar se tem oficial de serviço?
ZH – Mas têm oficiais queimando pneus?
Santos – Tem tenente e capitão.
ZH – O senhor participou de quantos protestos?
Santos – De três: em Alvorada, Viamão e Gravataí.
ZH – Onde o pessoal consegue pneus para queimar?
Santos – Nas borracharias. Se tu fores no Jardim Algarve hoje (sexta-feira), por exemplo, vais encontrar uma pilha de pneus.
ZH – A BM já procurou o senhor?
Santos – Ainda não. Eu não sou o mentor dos protestos.
ZH – O senhor continua filiado ao PT? Qual o grupo político do senhor dentro do PT?
Santos – Sim. Sou olivista. Sou um gay assumido, casado com uma lésbica, e o ex-governador Olívio Dutra foi meu padrinho de casamento. Como o pessoal do PDT, que é brizolista, eu sou olivista.
ZH – O senhor falou com o ex-governador Olívio Dutra sobre os protestos?
Santos – Não. Faz tempo que não converso com o ex-governador.
Fonte: http://www.clicrbs.com.br
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NOTA DO EDITOR: Pelo que estamos vendo nos noticiários é o governo que tem que parar com os incêndios em pneus, pois são pessoas ligadas ao seu próprio partido os promotores desses lamentáveis incidentes. Não adianta justificar a interrupção das negociações com as entidades de classe da BM, pois estas já pararam há tempo de promover as manifestações, que agora estão mais do que nunca fora do controle destas e do próprio governo. "Quem sempre plantou ventos agora colhe tempestades".
Ao que parece quanto mais se retarda a solução do impasse salarial dos brigadianos pior fica a situação. É o resultado de anos e anos de descaso para com uma instituição que sempre esteve ao lado de todos os governos e nunca obteve o reconhecimento merecido, muito pelo contrário: amarga há vários anos a condição de pior salário do Brasil.
É de bom tom que as negociações sejam retomadas e a solução adotada o mais rapidamente possível, pois em contrário a situação pode se deteriorar de uma forma que não interessa a ninguém.
Estamos assistindo um filme já visto em outra ocasião, no caso do relógio dos 500 anos, e é de se admirar como esse pessoal gosta de incendiar!!!
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