segunda-feira, 8 de julho de 2013

Brigadianos querem salário e promoção a Coronel

Governo conversará com comissão em 15 dias
O movimento pacífico, que reuniu cerca de 2,5 mil brigadianos de diversas cidades gaúchas, numa caminhada pelas ruas no centro de Porto Alegre(RS), na tarde 5 de julho, almejando a valorização da carreira e aumento dos salários já obteve algum resultado. No final da tarde, perto das 17h 30min, o Chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, a chefe adjunta da Casa Civil, Mari Perusso, e o sub-chefe parlamentar do governo, Cezar Martins, receberam documento com as reivindicações dos servidores de nível médio da Brigada Militar(BM). As solicitações foram entregues pelo deputado Altemir Tortelli na presença dos outros deputados da subcomissão de segurança da Assembleia Legislativa  e representantes das associações dos trabalhadores fardados.  Pestana afirmou que o governo voltará a conversar  com os representantes da categoria após analisar o conteúdo do documento e que o próximo passo será a formação de um grupo de trabalho para a negociação.
Faixas alertaram sobre os baixos salários
Faixas alertaram sobre os baixos salários
 Algumas questões ficaram evidentes para a  população que acompanhou a caminhada brigadiana, iniciada às 13 horas. Os militares estaduais desejam que a Corporação tenha carreira única com exigência de curso superior para ingresso. O trabalho desenvolvido a vários meses foi detalhado pelo representante da ABERGS em nome de todas as representações durante a audiência pública que aconteceu no Legislativo Estadual. O encontro contou com a presença de vários deputados e vereadores de cidades do interior.
Teatro da Assembleia Legislativa lotou
Teatro da Assembleia Legislativa lotou
 Tanto a caminhada como a audiência pública foram marcados pela emoção. Visivelmente indignados e alguns abalados, os brigadianos gritaram palavras de ordem, cantaram o hino rio-grandense em frente ao QG e alertaram a sociedade que “sem segurança não há Copa e sem salário não há segurança.” Levantaram cartazes que diziam: “ a melhor  Polícia Militar tem o pior salário do Brasil” “ Carreira única , já” e, ainda,  “Brigadiano quer salário não esmola”, “soldado fardado também é explorado”.
 Mas, os momentos de maior emoção estavam por vir na frente do Palácio Piratini e na Assembleia Legislativa. Com brigadianos fazendo a proteção do Palácio do Governo, a mobilização parou, mostrou cartazes e exigiu ser recebida pelo governador, que viajou a Portugal. Enquanto muitos mostravam o nariz de palhaço, outros portavam escudos com os dizeres inhoque. Uma imitação cômica da Polícia de Choque.
Mesa de trabalho na audiência pública
Mesa de trabalho na audiência pública
Já durante a audiência pública a menina Laiana Victória Becker -13 anos – de Três Passos, leu um poema que falava sobre ser herói. Ao final perguntou aos deputados: – vocês sabem quanto vale arriscar a vida todos os dias? E respondeu em seguida, já com lágrimas: – Senhores deputados vale menos de R$ 2 mil. Provocando o choro de muitos brigadianos.
 Outros relatos dramáticos foram feitos, como por exemplo, o brigadiano que parou a faculdade devido ao baixo salário. Um militar estadual chorando, revelou que sofreu quando o filho disse que desejava obter habilitação para dirigir automóveis, e assim ingressar na Brigada Militar, está é uma das exigências para ingresso.
Laiana emocionou os presentes
Laiana emocionou os brigadianos e deputados
O CVMI também foi lembrado. Israel Brizola – Erechim –afirmou que os colegas se arriscam na segurança das escolas por um salário de R$ 700,00. Em seguida, o deputado Nelsinho Metalúrgico esclareceu que existe um projeto tramitando no Legislativo para que integrantes do CVMI recebam remuneração de acordo com o posto que foram para a reserva.
Marquinho Lang e João Correa vieram do interior para acompanhar categoria
Marquinho Lang e João Correa vieram do interior para acompanhar categoria
O sucesso do movimento nas ruas foi percebido nas palmas da população durante o trajeto que incluiu rua dos Andradas, avenidas Siqueira Campos, Borges de Medeiros e rua Jerônimo Coelho.  Já a grande decepção com o governo veio com a revelação do deputado Gilberto Capoani – coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública. “ Fico triste ao analisar a segurança pública do RS, que é o estado que menos investe no setor. São apenas R$ 195,00 por habitante. O RS é o 20º colocado no ranking de investimentos na segurança. Há estados que aplicam três vezes mais”.
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NOTA DO EDITOR: É comovente ver a dedicação e o esforço das entidades de classe representantes dos Servidores Militares, as quais tem buscado incessantemente melhorias salariais para seus representados.
Apesar de ser sabido as restrições que este autor tem com os governos de esquerda, a bem da verdade se diga que o atual governo tem dado um tratamento digno ao assunto, porém insatisfatório devido ao descaso de sucessivas administrações, que ao longo dos últimos 30 anos foram pródigas em descaso e mau trato com os sempre atuantes servidores militares do estado do RS. Tal descaso, sem dúvida deve ser debitados aos governos, sem descartar a omissão de comandos fracos e comprometidos umbilicalmente com os governos. Por conta dessa omissão, os comandos perderam a representatividade e a liderança da tropa, no que tange aos reclames salariais, o que com o passar dos anos resultou nessa vergonhosa situação de ser o RS um dos estados da união que mais mal remunera seus policiais militares.
É compreensível a indignação e certamente o governo do PT vai atender, pelo menos em parte, as reivindicações de seu corpo policial militar, ainda mais que a oficialidade está alinhada com o governo e concorda com a necessidade de melhores salários para a tropa, porém não acredito que seja alcançada a mudança das carreiras, pois isto requer uma mudança estrutural e legal, que hoje se demonstra impossível de ser alcançada. Tal mudança não é bem aceita, tanto no seio da Brigada como do próprio governo, em parte pela repercussão financeira altíssima e outra por contrariar o rumo dado pela legislação estadual e sobretudo pela federal que rege a matéria. 
Entre salário e promoção de Soldado a Coronel, acredito apenas que será alcançada uma solução intermediaria que culminará com um tratamento salarial mais digno para os valorosos brigadianos retirando-os da vergonhosa posição de mais mal pagos do país. Quanto às carreiras computo como de difícil, para não dizer impossível, o atendimento das reivindicações, pois se constituem em carreiras distintas, com atribuições e finalidades definidas em lei, onde o ingresso exige perfis diferentes e seria de  profunda irresponsabilidade o governo atender tais reivindicações sem ouvir todos os interessados com embasamento teórico e prático sobre o assunto. Qualquer outra forma de encarar a situação desembocará em interminável embate jurídico acerca de sua legalidade constitucional. Quem viver verá!!!

Um comentário:

  1. Já sei que NÃO VAI ROLAR a mudança nas carreiras.Quem viver, verá!

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